Capítulo 8 - Parte 1: O Julgamento da Humanidade
Saki não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. E muito menos Thomas.
Saki: Serena!! Você não é assim! O que está acontecendo?!
Serena deu um leve sorriso.
Serena: Saki... Você viu todas essas almas que estão vagando por essa cidade?
Saki: Você quer dizer... Aquelas visões que Thomas e eu tivemos?
Serena acenou positivamente.
Serena: Eu tenho o dom de me comunicar com os espíritos... Quando eu cheguei nessa cidade eu recebi as boas-vindas de centenas de pessoas que perderam suas vidas... Eu vi mães desesperadas para salvar seus filhos... Homens que viviam felizes com suas famílias se tornando assassinos... E tudo isso foi causado apenas pela ambição de um simples homem chamado Ezequiel... Sim, Saki... Apenas um homem foi capaz de causar tudo isso.
Thomas balançou a cabeça.
Thomas: Espere... Essas visões que Saki e eu tivemos... Foi você quem fez com que víssemos aqueles fantasmas?
Serena: Sim... Eu queria que Saki visse todo o sofrimento que esse homem causou, por isso usei meus poderes para torná-los visíveis... Agora, Saki, deixe-me te perguntar uma coisa...
Serena encarou Saki nos olhos.
Serena: Você acha que vale a pena lutarmos para proteger pessoas que podem a qualquer momento se tornar ambiciosas ao ponto de destruir uma cidade?
Saki estava sem fôlego.
Thomas: Espere!! Você não pode usar o Doutor Ezequiel para julgar todo mundo! A maioria dos humanos só quer uma vida feliz com suas famílias!!
Serena: Silêncio! Eu estou falando com Saki.
Saki: E... Eu...
Naquele momento, Serena tirou algo de seu vestido...
Serena: Saki, você sabe o que é isso?
O objeto na mão de Serena era um revólver.
Serena: Isso é uma invenção criada pelos homens... Você apenas puxa um gatilho, e a pessoa em sua frente morre... Você acha que vale a pena lutarmos para proteger pessoas que dedicam suas vidas à matar?
Thomas estava ficando assustado.
Thomas: Você é louca!! Saki, não dê ouvidos à ela!
Serena se virou para Thomas.
Serena: Você realmente está disposto à correr perigo, não é?
Thomas: Eu não tenho medo de você! Sabe por quê?!
Serena: Por quê?
Thomas: Eu acredito na humanidade! Desde o começo eu estava procurando por minha família! Eu quero voltar ao lado deles, e dedicar minha vida à minha mulher e meu filho! E não é alguém como você que vai me impedir de descobrir o que aconteceu com eles!
Serena riu e guardou o revólver em seu vestido novamente.
Serena: Saki, entre em contato com Reika e Luna... Eu vou resolver meus problemas com esse homem, e já vamos voltar... E então eu farei mudanças em nosso reino... Qualquer um que desobedecer uma lei terá que ser exterminado...
Saki: ...!!
Capítulo 8 - Parte 2: Determinação X Decisão
Saki tentou parar Serena, mas foi arremessada para trás, caindo no chão. A chuva começava a cair.
Serena: Vamos ver se a sua determinação é o suficiente para me impedir...
Com raiva, Thomas correu em direção à Serena tentando lhe atingir com um soco. Rapidamente, ela desviou fazendo o mundo ficar em câmera lenta. Em questão de segundos, ela atingiu Thomas com um golpe em suas costas, fazendo-o perder o controle e cair perto de uma árvore.
Thomas não desistiu... Rapidamente ele se levantou e correu até Serena. Ela, por sua vez, ergueu sua mão para o alto. Uma descarga elétrica caiu bem em frente à Thomas, fazendo-o parar assustado.
Thomas: Droga, vai ser assim então?!
Serena: Eu ainda nem comecei... Melhor você desistir e aceitar seu destino...
Thomas: Nunca!!
Serena novamente retirou a arma de seu vestido.
Serena: A humanidade inventou um meio bem mais rápido de acabar com brigas como essa...
Serena novamente retirou a arma de seu vestido.
Serena: A humanidade inventou um meio bem mais rápido de acabar com brigas como essa...
Thomas ignorou a ameaça e voltou a correr em direção à Serena. Dessa vez ele conseguiu agarrá-la pelo pescoço e derrubá-la no chão. A arma voou de sua mão e caiu no meio da praça. Novamente, tudo ficou em câmera lenta. As gotas da chuva pareciam nem sequer se mover no ar.
Serena agarrou Thomas pelo braço e riu. Uma descarga elétrica percorreu suas mãos e eletrocutou Thomas, fazendo o voar e cair de costas para o chão.
Thomas: ...Eu... Eu tenho que...
Serena se levantou. Ela se aproximou de Thomas que continuava caído, sem sinal de que se levantaria.
Lentamente, ela esticou seu braço em direção à sua cabeça. Uma esfera de luz amarela surgiu em sua mão.
Serena: Não se preocupe... Isso vai acabar bem rápido...
Thomas: ...Por favor... Antes de fazer isso... Pode me responder só uma pergunta...
Serena: Tudo bem... Acho que posso fazer isso...
Thomas: Minha família... Minha mulher e meu filho... Eles estão vivos...?
Serena fechou os olhos.
Serena: Eu posso ver... Sua família... Uma mulher e uma criança fugindo durante uma evacuação com os poucos que restaram da cidade... Essas pessoas foram instruídas à nunca tocar no assunto. Eles estão vivos... Estão em algum lugar que parece ser uma casa em um campo verdejante...
Thomas respirou aliviado.
Thomas: A casa de campo... Graças à Deus...
Serena voltou à olhar para Thomas.
Serena: Eu sinto muito que tenha que acabar assim... Mas eu pretendo começar uma nova era... Uma era onde desgraças como a que houve nessa cidade nunca vão se repetir.
A luz na mão de Serena ficou mais forte, quase cegando Thomas.
Serena: Você vai dormir para nunca mais acordar... Espero que sua alma encontre paz...
Naquele momento, um disparo foi ouvido... Thomas abriu os olhos. Não havia mais luz na mão de Serena...
Thomas: O... O quê?!
Lentamente, Serena caiu de costas para o chão. Havia um buraco em seu peito, onde escorria sangue. Thomas olhou para a frente.
Saki estava sentada no chão, ofegante. Em sua mão estava o revólver que havia voado de Serena durante a briga.
Thomas: Sa... Saki...
Saki parecia estar em pãnico.
Capítulo 8 - Parte 3: Vida e Morte
Saki jogou a arma longe junto com sua mochila e correu em direção à Serena, que estava ofegante caída no chão. Thomas, ainda atordoado pelo choque, se levantou lentamente.
Saki se ajoelhou ao lado de Serena, com seus olhos lacrimejando.
Serena: ...Saki...
Saki: Não... Isso não pode estar acontecendo... O que foi que eu fiz...?!!
Serena deu um leve sorriso.
Serena: Eu acho que eu entendo agora...
Saki: Não, não fale... Eu... Eu tenho que te levar pra algum lugar... Eu tenho que...
Serena: Não... Eu não tenho mais tempo... Mas não se preocupe comigo, eu vou ficar bem...
Lágrimas escorriam dos olhos de Saki. Thomas observava a cena sem saber o que dizer.
Serena: Saki... Sabe por que eu te escolhi pra ficar do meu lado, mesmo você não tendo habilidades para lutar?
Saki: ...
Serena: A primeira vez que eu te vi... Eu notei que você tinha um incrível talento para julgar o que é certo ou errado a se fazer... É por isso que eu acho que nesse exato momento... Você tomou outra decisão correta...
Saki negou com a cabeça.
Saki: Não... Não!! Eu não vou conseguir viver se você me deixar, Serena!! Nós podemos consertar tudo isso, nós...
Serena: Saki... Me... Desculpe...
Serena fechou os olhos lentamente.
Saki: Serena...? Não... Não!! Aaahhh!!
O grito de Saki ecoou por toda a praça. Mas não havia mais nada que ela ou Thomas pudessem fazer...
Capítulo 8 - Parte 4: Consequências
Ainda confuso com tudo que aconteceu, Thomas se virou e viu algo brilhando dentro da mochila de Saki. Como ela não estava em condições de fazer alguma coisa, ele mesmo resolveu ir checar.
Thomas pegou o pingente de Saki. A imagem de Reika e Luna surgiu em sua frente.
Thomas: Vocês não vieram em boa hora...
Luna: Por quê? O que aconteceu aqui?!
Reika viu a cena de Saki ainda se lamentando junto ao corpo de Serena.
Reika: Meu Deus!! O que aconteceu com a sacerdotisa?!
Thomas: Acalmem-se!! Por favor, respeitem a situação de Saki! Eu vou explicar tudo que aconteceu, mas por favor, escutem!
Thomas contou tudo para Reika e Luna. Sobre a jornada que tiveram até encontrar a sacerdotisa, até as palavras de ódio contra a humanidade que ela disse, e finalmente a decisão final de Saki.
Reika: ...
Luna: Isso... Isso tudo é verdade?
Thomas: Sim... Por favor, não julguem Saki... Está sendo difícil demais pra ela aceitar o que fez...
Saki finalmente se levantou. Com os olhos vermelhos devido à tantas lágrimas, ela se aproximou dos três.
Reika: Saki... Você está bem...?
Saki: Não, eu não estou...
Luna: Saki, eu... Eu nem sei o que dizer...
Thomas notou que era hora de tomar alguma atitude.
Thomas: Se vocês realmente respeitam a sua amiga, é hora de apoiá-la.
Luna: Nós sabemos disso, mas...
Thomas: Mas o quê? Vocês não podem condená-la pelo que ela fez.
Reika: Mas... O que vamos dizer para o povo do nosso reino? Cedo ou tarde eles vão descobrir que ela... Bem...
Saki levantou a cabeça.
Saki: Digam a verdade... Digam que eu matei a sacerdotisa.
Todos se espantaram.
Reika: Mas... Mas Saki... A população não vai entender o que aconteceu! Se eles ficarem sabendo, você nunca mais terá paz em sua vida!
Saki: Eu não vou voltar para o reino.
Novamente, todos se assustaram.
Luna: Mas... Mas como assim?!
Saki: Contem ao povo que eu matei a sacerdotisa... E como punição, eu devo vagar por esse mundo pelo resto da minha vida.
Thomas não acreditou no que ouviu.
Thomas: Saki, não faça isso!!!
Saki: Eu tomei minha decisão, Thomas... Obrigada por tudo que você fez pra me ajudar... Mas você tem sua família... Eu não tenho mais ninguém.
Thomas baixou a cabeça. Reika e Luna estavam visivelmente abatidas.
Luna: Saki, nós... Nós respeitamos a sua decisão, mas... Nós vamos sentir sua falta...
Reika: Você é como uma irmã para nós...
Saki deu um leve sorriso para as duas... Após as despidas, o pingente novamente parou de brilhar, e Saki o guardou novamente em sua mochila.
Algumas horas se passaram. Thomas e Saki estavam na rodovia que levava até a cidade de Jardim das flores. Saki estava colocando algumas flores em um certo lugar do gramado que havia do lado da pista. Não ia demorar muito para amanhecer
Thomas: Eu sei que ela merecia um enterro mais digno, mas... Isso foi tudo que deu pra fazer.
Saki riu.
Saki: Não se preocupe... Eu sei que ela vai entender... Eu sinto muito que você teve que vê-la daquela forma, mas... Entenda que ela era uma pessoa muito boa... Se recusava até mesmo a lutar contra os inimigos...
Thomas baixou a cabeça.
Thomas: A casa de campo da minha família não fica muito longe... O que você vai fazer agora, Saki?
Saki olhou para a cidade no horizonte.
Saki: Eu vou voltar pra lá... Acho que o melhor a fazer é aceitar o meu destino. Eu não tenho mais pra onde ir, e aquela cidade foi onde tudo aconteceu...
Thomas baixou a cabeça.
Thomas: Eu espero que Deus possa te guiar, Saki...
Saki: Obrigada, Thomas... Te desejo o mesmo.
Thomas entrou no carro e partiu em direção ao reencontro de sua família.
Quanto à Saki... Ela se virou de volta para a Cidade da Escuridão... Onde vagaria pelo resto de sua vida, junto aos fantasmas de uma população que pagou um grande preço.
CIDADE DA ESCURIDÃO
ESCRITO POR:
ALEXANDRE
REMAKE DA TRAMA ORIGINAL "CIDADE DOS ESPÍRITOS" DE 2014, ESCRITA POR ALEXANDRE
TRILHA SONORA:
MYUUJI
ZERO TIME DILEMMA
SOMA
AGRADECIMENTOS:
CRISTAL
CIRO LEITE
DANIEL QUEEN
DANIEL QUEEN
DAVI ALLEN
GUILHERME
HENRY
JINAFIRE
LUCAS SILVA
SANDRA
SUZZY
E TODOS OS DEMAIS QUE ACOMPANHARAM A SÉRIE, COMENTARAM, E DIVULGARAM. VOCÊS SÃO PARTE MUITO IMPORTANTE DAS MINHAS HISTÓRIAS
NOTAS:
TODOS OS PERSONAGENS DESSA TRAMA SÃO ORIGINAIS
OS EVENTOS E NOMES USADOS NA HISTÓRIA SÃO FICTÍCIOS. QUALQUER SEMELHANÇA COM ACIDENTES NO MUNDO REAL SERÁ MERA COINCIDÊNCIA
2016 ULTRA TV
Capítulo 8 - Parte 5: O que reserva o Destino?
Saki se aproximou da entrada da cidade. O Sol já estava prestes a nascer, quando ela resolveu parar e se sentar em um ponto de ônibus.
Após alguns segundos, ela notou um farol se aproximando.
Saki: ...Hã?
Saki levantou a cabeça, e para sua surpresa, era o carro de Thomas.
Thomas: Ufa! Ainda bem que eu fui rápido!
Saki: Thomas...? O que houve?
Thomas abriu a porta e desceu do carro.
Thomas: Eu encontrei minha mulher e meu filho... Eles estão bem, na casa de campo. Minha esposa estava desesperada achando que eu não ia encontrá-los, e cometer alguma loucura...
Saki: Fico feliz por eles...
Thomas coçou a cabeça.
Thomas: Eu contei tudo... Sobre a nossa jornada, sobre a decisão que você teve que tomar... Sobre os perigos que passamos nessa cidade, e tudo que descobrimos.
Saki: E eles acreditaram?
Thomas: O meu filho eu não sei, mas a minha esposa nunca duvidou que certas coisas inexplicáveis podem acontecer com a gente... Ainda mais quando um desastre desse tamanho ocorre.
Saki baixou a cabeça.
Thomas: Ah, quer saber...? Não adianta ficar remoendo o passado! Saki, entre no carro! Você vai viver comigo!
Saki olhou assustada para Thomas.
Saki: O.,. O quê?!
Thomas: Eu estou mudando a sua punição... Ao invés de ter que vagar nessa cidade junto com os fantasmas pelo resto da vida, você terá que viver com a minha família e recomeçar do zero!
Saki não entendia.
Saki: Você... Você quer que eu vá viver com você? Mas...
Thomas: A nossa casa de campo é grande, e moramos só nós três por lá... Com certeza tem espaço para alguém que se sacrificou pra salvar minha vida. Eu não vou conseguir te deixar aqui.
Saki baixou a cabeça. Thomas estendeu sua mão para ela.
Thomas: Vamos? A minha esposa disse que quer muito conhecer a garota que me ajudou a recuperar a minha família. E você vai começar uma nova vida... Em um novo mundo.
Saki deu um leve sorriso e apertou a mão de Thomas.
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