Capítulo 3 - Parte 1: Apresentações
Saki tinha certeza que o homem em sua frente estava vivo. Era a primeira vez que ela encontrava alguém naquela cidade.
Homem: Ei... Eu fiz uma pergunta... Quem é você?
Saki: Ah... Eu me chamo Saki...
O homem cruzou os braços.
Homem: "Saki?" Esse é um nome bem estranho... Você não é do Brasil, não é?
"Brasil?" Aquela era a primeira vez que Saki ouvia aquele nome. Seria um reino desconhecido? Em todo caso, ela tinha que esconder sua verdadeira origem.
Saki: Sim, eu... Eu vim de um lugar bem longe.
Homem: Certo... O que está fazendo aqui?
Saki: Eu... Eu vim procurar por uma amiga. Ela devia estar nessa cidade.
O homem olhou ao redor.
Homem: Entendo... Você é a primeira pessoa que eu encontro aqui... Quantos anos você tem?
Saki: Eu... 20. Quase 21.
O homem passou a mão na cabeça.
Homem: Ah, desculpe... Eu esqueci de me apresentar. Meu nome é Thomas.
No fundo, Saki estava feliz por encontrar alguém vivo.
Thomas: Eu tenho 34 anos e acabei de chegar de uma viagem. Estou voltando pra casa.
Saki estranhou que Thomas disse estar voltando pra casa. Ela não conseguia imaginar alguém morando naquela cidade.
Saki: Voltando pra casa...?
Thomas: É, eu... Bem, eu passei quatro meses viajando à trabalho... E agora que voltei, encontro a cidade nessa situação... Você sabe me dizer o que está acontecendo aqui? Onde está todo mundo?
Saki negou com a cabeça.
Thomas: Entendo, você também não é daqui... Enfim, eu vou voltar pra minha casa.
Thomas se virou para sair do mercado. No entanto, Saki o interrompeu.
Saki: Espere! Eu... Eu estou perdida.
Thomas: Perdida? Você não disse que estava procurando uma amiga?
Saki: Sim, mas... Eu não conheço a cidade, e... Bem, eu preciso de ajuda.
Thomas pensou.
Thomas: Tudo bem, eu te levo até o meu bairro. Vamos.
No momento em que Saki se preparou para seguir Thomas, seu colar começou a brilhar. Rapidamente, ela o escondeu com as mãos.
Thomas: Ei, o que houve?
Saki: Eu... Eu preciso checar uma coisa, espere um pouco.
Sem que Thomas entendesse direito, Saki correu para trás de uma das estantes. Lá, ativou seu colar.
Capítulo 3 - Parte 2: Planejamento
A imagem de suas amigas Luna e Reika surgiu em sua frente.
Luna: Saki! Você está bem?
Reika: Encontrou a sacerdotisa?
Saki fez um gesto para que elas falassem mais baixo.
Saki: Eu encontrei um homem nessa cidade!
Reika: Um homem?
Saki: Sim! Ele não sabe que eu vim de outra dimensão! Eu vou ver se ele consegue me ajudar a encontrar a sacerdotisa!
Luna pensou.
Luna: Então... Você vai esconder tudo dele para que ele secretamente te ajude em sua missão?
Saki: Bem... Ele parece de confiança. Disse que veio para essa cidade procurar pela família.
Reika: Entendo... Alguém que procura pela família não pode ser tão ruim.
Luna: Mas tome cuidado... Não sabemos se podemos confiar nos moradores dessa dimensão.
Saki acenou com a cabeça.
Saki: Eu vou ter que parar por aqui. Ele pode acabar me ouvindo.
Reika: Certo! Nós tentaremos entrar em contato daqui a algum tempo.
A pedra parou de brilhar, e a imagem das duas desapareceu. Saki retirou seu colar e o guardou dentro da mochila, para evitar que Thomas o visse.
Em seguida, ela voltou até a porta do mercado, onde ele ainda estava esperando.
Saki: Estou pronta, vamos!
Thomas: Certo... Entre no meu carro e eu te levo até o bairro onde moro.
Foi aí que Saki teve o maior choque... Ela nunca tinha visto um carro na vida, e nem sequer sabia como funcionava. Thomas abriu a porta do passageiro, mas ela não sabia o que fazer.
Thomas: Venha, pode entrar.
Saki: Eu... Entrar?
Thomas: Sim, qual o problema?
Tentando disfarçar, Saki resolveu obedecer. Ela lentamente entrou no carro e se sentou no banco do passageiro. Thomas fechou a porta. Todos aqueles botões e compartimentos que haviam em sua frente pareciam coisa de outro planeta.
Thomas se sentou no banco do motorista e ligou o carro. Saki levou um susto.
Thomas: Ei, o que foi?
Saki: Na... Nada...
Thomas estava achando aquela garota muito estranha, mas resolveu deixar de lado. Ele ligou o carro e dirigiu até o bairro onde morava.
Capítulo 3 - Parte 3: Lar, Doce Lar
Menos de 10 minutos depois, o carro de Thomas parou em frente à uma casa.
Thomas: Chegamos!
Os dois desceram do carro. Saki até que se divertiu com a viagem.
Saki: É aqui que você mora?
Thomas: Sim... Com minha mulher e meu filho... Mas eu estou com medo de entrar aqui...
Thomas retirou uma chave de seu bolso. Em meio à garoa que caía, ele destrancou o portão e entrou.
Thomas: Venha.
Obedecendo, Saki entrou. Thomas destrancou a porta de entrada e a abriu. A cena que surgiu em sua frente foi a sala de estar de sua casa.
Thomas tentou acender a luz mas não havia eletricidade. Naquele instante, Saki se lembrou da lanterna que ela havia encontrado no mercado. Ela rapidamente pegou sua mochila, retirou a lanterna e ofereceu para Thomas.
Thomas: Ah? Ah, obrigado!
Thomas pegou a lanterna e a acendeu. Quando ele viu a cena, lágrimas começaram a correr pelo seu rosto.
Thomas: Não... Não, não pode ser verdade... Emily, querida?! Marcelo?! Cadê vocês?!
Saki olhou ao redor. Definitivamente a casa estava vazia.
Saki: Thomas... Emily e Marcelo são...?
Thomas: Minha esposa e meu filho... Eu não acredito, o que aconteceu nessa cidade?!
Thomas correu pela sala. Saki o seguiu até um corredor. Thomas ia abrindo todas as portas na esperança de encontrar alguém. Mas nada.
Saki: Thomas, acalme-se!
Thomas: Como eu posso me acalmar, Saki?! Onde está a minha família?!!
Thomas caiu de joelhos no chão, no meio do corredor. Saki não sabia o que fazer.
Saki: Thomas, eu também estou preocupada com minha amiga... Mas temos que ter calma se quisermos descobrir o que aconteceu com eles!
No momento em que Saki terminou de falar, algo estranho aconteceu... Uma das portas do corredor se abriu sozinha.
Thomas: O... O quê?
Saki: Aquela porta se abriu sozinha?
Saki estava prestes a se perguntar como isso aconteceu... Mas ela já tinha visto tanta coisa estranha naquela cidade, que isso não a assustou nem um pouco.
Thomas se levantou e caminhou lentamente até a porta.
Thomas: É o quarto do meu filho...
Saki entrou.
Saki: Tem alguma coisa em cima da cama...
Era uma mochila semelhante à de Saki, porém verde. Thomas sentou na cama e a pegou.
Thomas: A mochila que meu filho usa na escola... Tem um papel aqui dentro.
Saki: O que é?
Thomas: ...Parece algo que foi rasgado do caderno dele...
"Hoje o Professor teve que separar mais uma briga na escola. Um dos alunos foi empurrado com tanta força que ele trombou com a porta de vidro, e teve que ser levado ao hospital.
Eu não sei o que está acontecendo, estou ficando com medo dessa escola."
Aquela carta fez Saki se lembrar do bilhete que ela havia encontrado no hotel. O conteúdo era muito parecido. Um homem estava com medo de ficar na cidade porque a violência estava aumentando. E agora o filho de Thomas estava com medo da escola porque as brigas estavam aumentando até mesmo entre as crianças?
Saki: ...Thomas?
Thomas: Hum?
Saki: Quando eu...
Saki estava prestes a dizer "Quando eu fui teletransportada para o Hotel", mas rapidamente teve que maquiar sua fala.
Saki: Quando eu fui para o hotel, eu encontrei uma carta de um homem... Ele dizia que estava com medo dessa cidade porque a violência estava aumentando. Acho que ele morreu antes de enviar a carta.
Thomas pensou.
Thomas: Você não tá querendo me dizer que todo mundo nessa cidade entrou em uma grande briga e todos se mataram, não é?
Saki: Eu não disse isso, mas não pode ser coincidência, não?
Thomas: ... Tem razão... Em todo caso, o que faremos agora?
Saki pensou por alguns segundos.
Saki: Seu filho estava com medo de ir para a escola, não? Talvez valha a pena ver se tem alguma coisa por lá.
Thomas: Certo... Os professores e a diretoria devem ter algo que possa nos ajudar.
Um pouco mais recuperado, Thomas se levantou da cama. Os dois saíram da casa e voltaram para o carro. O próximo objetivo era a Escola.
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