Lamento das Cigarras - Cap.9

18:30


Capítulo 09 - O Protetor


Já havia passado do meio-dia quando Robin parou em frente à uma casa simples.

Robin: É aqui...?

Robin se aproximou do portão e tocou a campainha. Alguns segundos se passaram até que o portão se abriu.

Marcos: ...Detetive?
Robin: Por favor, me chame apenas de "Robin".
Marcos: Ah... Sim, por favor, entre!

Robin entrou. Marcos o guiou até a porta de entrada. Assim que entraram, Marcos fez um gesto para que ele se sentasse no sofá.

Marcos: Sente-se, fique à vontade.
Robin: Obrigado.

Robin sentou-se. Marcos sentou-se no outro sofá, de frente para ele.

Robin: Bem... O que você pretendia me dizer sobre Elizabeth...?

Marcos cruzou os braços.

Marcos: Elizabeth... A aluna mais dedicada da classe...
Robin: Pelo que eu sei ela nunca conversava com ninguém além de suas amigas Alice e Jessica. Isso confere?

Marcos cruzou os braços.

Marcos: Confere. Eu a via conversando com as duas no intervalo, mas nada além disso... Aliás, isso me fez lembrar de uma coisa...
Robin: ...?
Marcos: De vez em quando eu a via andando sozinha pelos corredores... Não sei muito bem porque, mas ela parecia... Andar de um lado para o outro observando tudo ao redor.

Robin estranhou.

Robin: Espera, espera... Ela andava pelos corredores sozinha observando... O que exatamente?
Marcos: Eu não sei... Ela olhava pelas portas das classes... Eu acho que até cheguei a vê-la tentando abrir um armário do corredor.

Robin se assustou.

Robin: Espera... Dessa eu não sabia...
Marcos: Mas é verdade... Eu não sei quais eram as intenções dela, mas... É verdade.

Robin parou para refletir.

Robin: As garotas me falaram que ela era curiosa, mas isso parece demais... Será que ela estava... Procurando alguma coisa?
Marcos: Eu não sei... De fato ela era bem curiosa, isso eu posso confirmar.
Robin: Procurando por algo na escola... Como o quê?
Marcos: Isso eu não posso te dizer.

Robin voltou a focar em Marcos.

Robin: Você a via em mais alguma situação estranha?
Marcos: Não... Bem... Eu não diria estranha, mas ela gostava de fazer muitas anotações.

Robin se espantou.

Robin: Anotações?
Marcos: Sim. Eu não sei se tem a ver com aquele grupinho de detetives que ela criou, mas ela sempre andava com um bloco de notas para anotar as coisas.
Robin: ...!!

Foi então que Robin sentiu algo importante se aproximando.

Robin: Essas anotações... Onde ela deixava?
Marcos: Eu não sei, ela levava na mochila junto com os cadernos, livros e materiais. Eu vi poucas vezes, mas com certeza ela o usava na escola.
Robin: Essas anotações ainda podem estar na casa dela! Por que as garotas não me falaram isso antes...?
Marcos: Você acha que tem algo a ver com a morte dela?
Robin: Ainda não tenho certeza... Mas preciso conferir! Muito obrigado, Marcos! Eu tenho certeza que essas informações vão ser muito úteis!

Marcos deu um leve sorriso.

Marcos: Eu faço o que é possível, Robin... Mas você é quem poderá resolver esse caso.

Naquele instante, os dois foram interrompidos quando uma criança veio correndo na sala.





????: Pai!! Pai!! Olha o que eu desenhei!!

Um pequeno garoto se aproximou de Marcos. Porém, no meio do caminho, parou assustado e olhou para Robin. Robin sorriu e acenou para ele.

Marcos: Depois, filho! Agora o papai precisa conversar com o nosso convidado.
????: Ah...

O garoto ia saindo, quando Robin interrompeu.

Robin: Ei, rapaz... Não vai me mostrar seu desenho?

O garoto parou. Em seguida, voltou até Robin, sorrindo.

????: Olha... É a escola que meu pai trabalha!

Robin pegou o desenho. Era ilustrado com lápis coloridos, e lembrava vagamente a vista da escola.

Robin: Ei, isso ficou muito bom! Como você se chama?
????: Diego...
Robin: Eu gostei, Diego. Eu sou Robin, trabalho como detetive. E posso dizer que você tem futuro.

Marcos sorriu.

Marcos: Diego, não tem nada a dizer para nosso amigo?
Diego: Obrigado...
Robin: Sem problemas.

Sorrindo, Diego se retirou da sala.

Robin: ...Seu filho é bem animado.
Marcos: É... Eu... Queria tanto ter a chance de dar um futuro melhor pra ele, mas... Tudo que posso fazer é continuar trabalhando para sustentá-lo.

Robin olhou ao redor.

Robin: O que aconteceu com a mãe dele...? Se é que é da minha conta...

Marcos respirou fundo.

Marcos: A mãe dele se chama Michelle... Eu a conheci quando ela era muito nova... Havia uma diferença de idade muito grande entre nós, mas mesmo assim tínhamos uma relação excelente.
Robin: Entendo.
Marcos: Quando ela engravidou... Ela ainda era adolescente. Mas eu jurei ficar sempre ao lado dela. Eu prometi que íamos ter uma vida maravilhosa. Até o momento em que o Diego nasceu... Foi o dia mais feliz da minha vida.

Robin estranhou.

Robin: Mas então... O que deu errado?
Marcos: Um dia, o bebê teve complicações para respirar. Quando o levamos ao médico, ele foi diagnosticado com um problema respiratório que exige cuidados delicados.

Robin continuava ouvindo atentamente.

Marcos: Bem, Michelle ainda não estava totalmente disposta a ser mãe. E quando ela ficou sabendo que Diego não era exatamente a criança mais saudável do mundo, ela simplesmente resolveu... Me abandonar e buscar outras aventuras. Ela foi embora da cidade, não sei pra onde.

Robin balançou a cabeça, como se estivesse com raiva.

Robin: Abandonar um filho dessa forma... Eu não sei se ela vai voltar algum dia, mas o que posso dizer é que se Diego está bem até hoje, é porque você é o pai que ele precisa.
Marcos: ...Obrigado, Robin.

Robin se levantou.

Robin: Pode deixar... Eu também darei o melhor de mim para resolver esse caso... E continue cuidando do Diego, Ok?

Marcos se levantou e sorriu.




Na biblioteca, Maria estava varrendo o chão enquanto Jessica e Alice brigavam por um balde com água.

Alice: Jessica, deixa que eu faço isso! Você organiza os livros!
Jessica: Alice, combinamos que isso ia se alternar entre as semanas! Você não tá respeitando as próprias regras!

Jessica venceu a luta e ficou com o balde.

Jessica: É a minha vez de lavar a porta de vidro! Você organiza os livros hoje, e a Maria varre o chão!
Alice: Argh... Tudo bem, eu só achei que você ia preferir ficar com o mais fácil.

Jessica se aproximou da porta.

Jessica: Isso aqui também é fácil... Eu só tenho que jogar um balde de água na porta e esfregar com o rodo, quer coisa mais fácil?

No momento em que Jessica foi jogar o balde, Robin abriu a porta.

Robin: Garotas, eu... *glub glub*

Robin levou um balde cheio de água na cara.

Jessica: ...Ai...
Alice: Ro... Robin...?
Maria: Xii...

Robin estava ofegante. Sua jaqueta toda molhada, e seu rosto respingando com água.

Robin: O... O que exatamente aconteceu...?
Jessica: Robin, me desculpe, eu... A gente... Hoje é dia de limpar o clube, e...
Robin: Eu entendi... Eu acho...

Robin tirou sua jaqueta. Em seguida, removeu um livro de dentro dela e foi até Maria.

Robin: Aqui, Maria... Pra você. Espero que não tenha estragado.

Maria pegou o livro.

Maria: "Sherlock Holmes: O Signo dos Quatro"... Ei!! É o único que faltava pra eu ler!!

Maria levou um choque ao ler o título do livro. Robin sorriu.

Robin: Eu lembrei que tinha ele repousando em algum canto da minha casa. Acho que detetives gostam desse tipo de literatura, não?

Maria segurou o livro com força.

Maria: Robin... Isso é muito importante pra mim... Eu nem sei como te agradecer...
Robin: Não precisa... Na verdade esse livro já é meio velho... Está inteiro, mas é velho.

Maria sorriu.

Alice: Hã... Robin... Aqui, eu encontrei isso...

Alice entregou uma toalha para Robin. Robin a pegou e enxugou o rosto.

Robin: Valeu...
Jessica: Ãh... Você não está bravo comigo, está Robin?
Robin: Não, assim que eu ficar sabendo que você vai pra minha casa eu coloco um balde de água em cima da porta. Mas, garotas, eu vim aqui pra algo mais importante...

Todas já sabiam do que se tratava.

Robin: Vocês sabem algo à respeito de um bloco de notas que Elizabeth tinha?
Alice: ...Bloco de notas?
Maria: Eu nunca vi.
Jessica: Quem te disse isso?

Robin estranhou.

Robin: O professor Marcos... Ele disse que às vezes via Elizabeth andando sozinha pelos corredores com um bloco de notas. Aparentemente anotando alguma coisa.
Alice: ...Será que ela escondia algo até de nós...?
Jessica: Eu garanto que nunca vi esse bloco de notas.
Maria: Mas... Onde ele está agora?
Robin: É exatamente o que queremos saber... Eu tenho a sensação de que devo fazer uma visita na casa dela pra ver se consigo encontrá-lo. Pode ter provas importantes para esse caso.

Robin devolveu a toalha para Alice.

Robin: Bem... Agora eu preciso falar com os pais da Elizabeth... Alice, você não esqueceu a missão que eu te passei, não é?

Alice se espantou:

Alice: Claro que não! Aliás, já está tudo certo para nossa reunião hoje, sete horas da noite!

Robin sorriu e acenou com a cabeça.

Robin: Bem... Eu tenho que ir... Sinto que esse mistério pode ser quebrado hoje mesmo...

Naquele instante, todos foram surpreendidos com alguém batendo na porta.

Alice: Ué...? Quem pode ser?
Jessica: Ninguém vem aqui...

Alice foi até a porta e abriu. Havia um homem esperando. Ao vê-lo, Robin se espantou.

Robin: ...Leon?

Quem estava na porta era Leon, um dos policiais que estava trabalhando no caso de Elizabeth.

Leon: Olá, Robin, quanto tempo... Acho que não nos vemos desde que estávamos no túnel investigando a morte de Elizabeth, não?
Maria: Você o conhece, Robin?
Robin: Sim, ele e Samuel são meus parceiros de trabalho.

Leon olhou para Alice.

Leon: Posso entrar?
Alice: Claro!

Leon entrou.

Robin: Então, o que te traz aqui, Leon?
Leon: Eu recebi uma ordem da delegacia...

Robin se assustou.

Robin: Ordem da delegacia...?
Leon: Sim... Eles querem que eu colete o testemunho das amigas de Elizabeth... São vocês, não?

Assustadas, as três garotas se entreolharam.

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