Capítulo 06 - Descobertas
Robin: Alô?
Samuel: Robin, sou eu, Samuel.
Robin: Olá Samuel, eu estava esperando.
Robin sentou-se no sofá.
Samuel: Eu trago novidades sobre a autópsia...
Robin: Sério? E então?
Samuel: Bem, isso é um tanto estranho, mas... Foram encontrados vestígios de droga no organismo da Elizabeth.
Finalmente! Robin tinha alguma informação nova.
Samuel: Mas a parte estranha é que, essa droga aparentemente é uma substância alucinógena.
Robin: Alucinógena...? Quer dizer que...
Samuel: Exato, não é algo que mataria uma pessoa... Pelo menos não em circunstâncias normais.
Robin: Isso é estranho... Se fosse uma droga mais forte teríamos a resposta do mistério nas mãos, mas...
Samuel: E tivemos outra descoberta.
Robin: O que é?
Samuel: Aparentemente, Elizabeth tinha um leve problema cardíaco.
Essa era outra novidade para Robin.
Robin: Sério? Então pode ser que isso causou sua morte?
Samuel: Bem... Não dá pra ter certeza, já que não era algo grave ao ponto de levá-la a morte. Vamos dizer apenas que seu coração era um pouco mais fraco do que o normal.
Robin: Talvez isso aliado à droga...?
Samuel: Depende. A verdade é que essa autópsia trouxe algumas informações úteis, mas ao mesmo tempo um pouco mais de dúvidas.
Robin: Bem... Eu vou ver o que consigo com as novas informações.
Samuel: Certo, eu entro em contato se descobrir algo.
Os dois desligaram.
Robin sabia mais a respeito da morte de Elizabeth agora, mas ainda precisava de mais dados. Durante a tarde, novamente, seu carro parou em frente à escola.
Robin: Alice e Jessica disseram que o professor não está... Mas eu sempre posso falar com o diretor Bernardo.
Robin seguiu até a recepção novamente. Assim que a atendente autorizou sua entrada, ele caminhou novamente para a sala do diretor.
Bernardo: Ah, olá detetive... Sente-se.
Robin se sentou.
Robin: Diretor, eu consegui mais alguns detalhes sobre a morte de Elizabeth?
Bernardo: Sério?! Por favor, me conte...
Robin: Bem... O senhor sabia que ela tinha um leve problema cardíaco?
O diretor olhou para o lado.
Bernardo: ...Não. Pelo menos na ficha dela, nunca constou nada sobre isso. E eu não acho que ela tenha comentado com alguém.
Robin: É, era algo bem simples, o coração dela não aguentava tanto quanto o de uma pessoa normal.
Bernardo: Bem, eu a via fazendo aulas de educação física, então nem me passou pela cabeça.
Robin cruzou as mãos.
Robin: Mas o mais preocupante... É que foram encontrados vestígios de alucinógeno no organismo dela.
O diretor se assustou.
Bernardo: Meu Deus... Elizabeth era... Usuária de drogas?
Robin: Eu ainda vou ter que investigar isso... O senhor disse que não teve muito contato com ela, mas poderia me dizer se chegou a vê-la com... Companheiros suspeitos?
Bernardo coçou a cabeça.
Bernardo: Olha, detetive... No período de aula eu quase nunca saio dessa sala, mas... Posso garantir que sempre que via Elizabeth, ela estava com suas amigas de classe. Nunca a vi com outras pessoas.
Robin acenou com a cabeça.
Robin: Obrigado, diretor.
Bernardo: Por favor, se descobrir mais alguma coisa, eu estarei aqui.
Robin passou o resto da tarde em seu computador fazendo anotações sobre o caso. Leon havia lhe mandado as fotos que tirou na cena do crime, mas aparentemente não havia mais nada a se analisar.
É hora de um pouco de dedução... Agora Robin sabia que havia algum tipo de droga envolvida na morte de Elizabeth. No entanto, isso poderia significar duas coisas: Ou a garota estava de fato se envolvendo em algo ilegal, ou havia sido drogada por alguém.
Robin já sabia que Elizabeth tinha afinidade apenas com algumas poucas pessoas: As garotas, seus pais, e o professor Marcos.
Suponhando que ela de fato não falava com mais ninguém, a única solução para esse crime era que uma dessas pessoas era certamente alguém perigoso escondido por trás de uma máscara.
Robin sabia que as garotas do clube não podiam ser descartadas logo de cara. Mesmo tendo elas como amigas, ele não podia baixar sua guarda. Quanto aos pais, de acordo com o que Samuel e Leon haviam dito, eles pareciam chocados com sua morte. Ou porque eram inocentes, ou talvez estavam fingindo muito bem.
O professor Marcos... Robin ainda não havia conversado direito com ele. Talvez era hora de tentar capturá-lo de alguma forma...?
Mas se nenhum deles era o culpado...
Isso significa que Elizabeth estava falando com alguém mais além dessas pessoas. Porém, seria muito mais difícil encontrá-lo, já que praticamente todos confirmaram que Elizabeth era uma menina muito reservada.
Havia também a possibilidade dela ter sido assassinada por um bandido qualquer, o que tornaria as coisas ainda mais complicadas. Porém, Robin imaginava que esse não seria o caso por um simples motivo: A droga encontrada em seu corpo. Se por acaso aquilo foi obra do assassino, ele provavelmente já tinha a morte da garota planejada, e isso não é algo que um assaltante comum faria.
Ainda pensativo, Robin olhou no relógio da parede.
Robin: Minha nossa, oito da noite! O dia passou voando... Acho que por hoje chega.
Robin desligou o computador.
Robin: Acho que vou passar um tempo no clube das garotas.
Robin parou pra pensar que aquela frase soou um tanto estranha. Mas rapidamente, tratou de pegar seu casaco e saiu de casa.
Algum tempo depois, ele se aproximava da escola. Quando algo lhe chamou a atenção.
Robin: Espera... Aquela não é... A Maria?
Maria estava no parque da escola. Sentada em um dos balanços, balançando lentamente, enquanto olhava para o chão. Robin correu em sua direção.
Robin: Maria? O que faz aqui?
Maria se virou para Robin.
Maria: Ah... Oi, Robin...
Robin: As garotas não estão no clube?
Maria: Estão, mas... Eu não sei se quero ir hoje...
Maria parecia triste. Robin sentou-se no balanço ao seu lado.
Robin: Por quê? Aconteceu alguma coisa?
Maria: Não, eu... Eu estou com medo de que algo de ruim aconteça com a gente.
Robin riu levemente.
Robin: Maria, isso é comum. Na verdade qualquer pessoa ficaria com medo de ser a próxima vítima, ou de que outra tragédia aconteça com alguma pessoa amada. Mas é pra isso que eu estou aqui, pra impedir que vocês corram perigo . Assim que encontrarmos o culpado, tudo vai se resolver.
Maria riu, mas ainda com cara triste.
Maria: Robin... Sabe por que eu entrei pro clube de detetives?
Robin: Não, você ainda não me disse.
Maria: Quando eu era criança... Ou melhor, alguns anos atrás, o meu pai era um grande admirador de histórias de mistério. Eu era a única criança da classe que já tinha lido todos os livros do Sherlock Holmes... Exceto "O Signo dos Quatro", que meu pai não tinha.
Robin se espantou.
Robin: Caramba, que legal, Maria!
Maria: É, mas... Bem... O meu pai se foi algum tempo depois.
Robin novamente se assustou, mas dessa vez negativamente.
Robin: Nossa, eu... Eu não sabia...
Maria: A última coisa que ele me disse... Bem, ele não queria que eu o visse num quarto de hospital, mas eu insisti, porque...
Maria teve dificuldade para falar.
Maria: Porque eu queria vê-lo uma última vez... E ele me disse pra eu seguir o que eu mais gostava... E eu sempre gostei de resolver mistérios com ele.
Robin: ...
Maria: E por isso eu entrei pra esse clube de detetives quando soube que as meninas do segundo ano estavam planejando. Elas me aceitaram, e agora eu mantenho viva a memória do meu pai cada vez que me junto à elas.
Robin começou a se balançar no balanço.
Robin: Maria... Um pouco antes da minha esposa falecer, ela me disse algo parecido... Eu jurei amor eterno à ela. Jurei que jamais ia dedicar a minha vida à outra mulher. Mas ela me disse que não queria isso.
Maria estranhou. Robin continuava balançando, cada vez mais forte.
Robin: Ela me disse: "Robin... A minha vida acaba aqui por algum motivo... Assim como a sua tem uma razão para continuar. Você vai continuar vivo porque ainda precisa fazer mais coisas."
Maria levantou a cabeça.
Robin: Venha, balance comigo!
Maria pegou impulso. Até que os dois balançavam na mesma velocidade.
Robin: E, se eu tenho motivo pra estar aqui hoje, você também tem! Eu não sei se você vai se tornar a próxima Sherlock Holmes, e se isso acontecer, talvez eu vire o seu Watson. Mas enquanto você tiver viva a ideia em sua cabeça, ninguém vai te impedir de seguir em frente!
Maria sorriu levemente.
Maria: Obrigada, Robin!
Robin: Sem problemas! Mas não podemos balançar aqui a noite inteira, porque as garotas devem estar nos esperando!
Dito isso, Robin pulou do balanço. Maria fez o mesmo em seguida. Os dois, lado a lado, caminharam em direção ao clube.
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