Lamento das Cigarras - Cap. 7

18:30


Capítulo 07: Medo


Após Robin e Maria chegarem no clube da biblioteca, o grupo se reuniu em uma mesa. Robin se sentou ao lado de Maria, de frente para Jessica e Alice.

Alice: Olá, Robin! Maria, por que demorou tanto?
Maria: Ah, eu... Eu encontrei o Robin no caminho e nós viemos conversando...
Jessica: Bem... Agora que estamos todos aqui... Robin, você descobriu mais alguma coisa sobre o caso da Elizabeth?

Robin cruzou os braços.

Robin: Samuel entrou em contato comigo e me deu alguns detalhes da autópsia.

As garotas se assustaram.

Alice: Sério?! O que eles descobriram? Já sabem a causa da morte?

Robin negou com a cabeça.

Robin: Não... Mas foram encontrados vestígios de droga em seu organismo.

Alice, Jessica e Maria entraram em choque.

Jessica: Não... Não, não pode ser! Elizabeth nunca faria isso!!
Robin: Aparentemente era uma pequena quantia de droga alucinógena.
Alice: Mas... Não... Elizabeth não era o tipo de garota que...

Robin coçou a cabeça.

Robin: A questão não é essa. Na verdade, eu sou capaz de duvidar que ela era usuária de drogas.

Alice se espantou.

Alice: Hã...? Como assim?

Robin colocou sua mão no ombro de Maria, que estava sentada ao seu lado. Ao ser tocada, ela imediatamente olhou para ele.

Robin: Maria... Você quer tentar solucionar esse caso?

Maria olhava nos olhos de Robin, mas não entendia a situação.

Maria: Co... Como assim?
Robin: Eu sei que você consegue. Lembre-se de quando Elizabeth era viva. Eu tenho certeza de que você é capaz de encontrar uma prova de que ela não era usuária de drogas.

Alice e Jessica não estavam entendendo o motivo de Robin pedir para que Maria solucionasse o mistério. A verdade é que elas não tinham presenciado a conversa anterior entre eles, quando estavam no balanço.

Maria: Bem... Eu...
Robin: Vamos, você é capaz de encontrar a solução. Eu sei disso.
Maria: ...Nós passávamos boa tarde do tempo nesse clube... Elizabeth era uma garota inteligente, sempre tirava boas notas e tinha muita vontade de aprender coisas novas... Espere!!

De repente, os olhos de Maria brilharam. Robin sorriu.

Maria: Eu sei! Eu sei qual é a prova de que ela não usava drogas!
Robin: Sério? Então vamos lá!
Maria: Elizabeth era uma aluna exemplar. Ela nunca faltava às aulas e conseguia sempre se destacar entre os alunos da classe! Se ela fosse usuária de drogas isso não seria possível!
Robin: Correto!

Maria ficou extremamente feliz. Jessica e Alice ainda não entendiam muito bem a situação.

Robin: Como todos nós sabemos, usuários de droga possuem muita dificuldade para viver em sociedade, se concentrar, e consequentemente, ir bem nos estudos. O fato de Elizabeth ser uma aluna exemplar torna difícil acreditar que ela tinha envolvimento com esse tipo de coisa.
Alice: Então... O que isso prova?
Robin: Que muito provavelmente, ela foi drogada pelo assassino. Em outras palavras, é praticamente certo que ela foi assassinada. A hipótese de suicídio pode ser descartada.

Alice e Jessica se espantaram.

Jessica: Entendo... Mas o que o assassino queria? Por que ele fez isso?

Robin negou com a cabeça.

Robin: Ainda não sei dizer. Se fosse uma droga letal, seria óbvio que a intenção era matá-la. Mas o alucinógeno... Ainda não faz muito sentido.

Naquele instante, Alice parecia pensativa.

Alice: Robin... Você tem algum suspeito?

Robin cruzou os braços.

Robin: Nós sabemos que Elizabeth não tinha contato com muitas pessoas... Ela conversava apenas com o professor Marcos... Com seus pais... E vocês.

Todas levaram um susto.

Maria: Ro... Robin... Você não está...?
Alice: Robin, nós... Nós...
Jessica: ...

Robin suspirou.

Robin: Desculpe garotas, mas... Vocês ainda estão na lista de suspeitas da polícia. Eu tenho que ser sincero.

Maria começou a respirar ofegante.

Robin: Para piorar a situação, os pais dela me disseram que na noite em que ela morreu, ela pretendia vir para o clube. Isso confere?
Alice: Nã... Não!! Ela não veio para o clube!
Jessica: Nós ficamos esperando, mas...

De repente, Maria se levantou da cadeira.

Maria: Ah... Ah... Aaaaaahhh!!!!!

Maria parecia em pânico.

Robin: Maria!! Acalme-se!

Robin tentou tocá-la, mas ela afastou seu braço. Em seguida, saiu correndo da biblioteca enquanto gritava.

Robin: Droga!! Maria!!

Robin se levantou.

Alice: ...Parece que ela entrou em pânico.
Jessica: Apesar de parecer bem mais matura, ela ainda é uma criança.

Robin baixou a cabeça.

Alice: Quer que a gente vá atrás dela?
Robin: Não, deixem comigo. Foi culpa minha, eu preciso que ela tenha confiança em mim.
Alice: Ok... Tome cuidado.

Robin acenou com a cabeça e saiu da delegacia.

A noite já havia caído, então só o que iluminava as ruas eram os postes. Robin virou o quarteirão para tentar encontrá-la. Havia um homem caminhando em sua direção.

Robin: Com licença, senhor... Você viu uma garota passar por aqui? Doze anos, cabelo preto comprido, estava usando uma jaqueta preta.
Homem: Eu vi uma menina correndo em direção à passarela agora a pouco...
Robin: Obrigado!

A passarela era uma ponte que levava para um outro bairro da cidade, passando por cima de um pequeno córrego. Ao chegar lá, Robin pôde ver Maria apoiada na mureta da ponte observando a água.

Robin: Maria!!

Robin correu em direção à Maria. Ao se aproximar dela, uma cigarra começou a cantar.

Maria: Robin...
Robin: Maria, eu... Eu sinto muito! Eu não queria te assustar!
Maria: Tudo bem... Eu estou mais calma agora.

A cigarra começou a cantar mais alto.

Maria: Robin... Você acha que uma de nós é a culpada?

Robin negou com a cabeça.

Robin: Definitivamente não. Mas eu preciso que vocês confiem em mim para que tudo dê certo!

Maria voltou a olhar para a água. Robin se apoiou na mureta ao lado dela. A cigarra cantava mais e mais aceleradamente.

Maria: Robin... Você sabe o quanto aquele clube é importante para mim, não é?
Robin: Claro que sim!
Maria: Eu faria qualquer coisa para proteger minhas amigas... E para que tudo continue assim.
Robin: E vai continuar. Logo tudo isso vai acabar.



Maria fechou os olhos.

Maria: Robin... Me desculpe...
Robin: Hã? Pelo quê?
Maria: Pelo que eu vou fazer agora.
Robin: ...?

Robin levou um choque. De repente, ele sentiu uma enorme dor em suas costas. Era algo inexplicável, uma dor que ele nunca havia sentido antes em sua vida.

Robin: Ah... Argh... O... O quê... O que você fez?!

Maria se virou para Robin. Sua expressão demonstrava uma certa frieza enquanto o encarava.

Maria: Eu não posso deixar que você acabe com o nosso clube! É a única coisa que ainda me traz vontade de continuar viva!

Robin caiu de frente para o chão, no meio da rua. Havia uma faca cravada em suas costas.

Robin: "Eu não acredito... Ela me esfaqueou...?"

Maria se ajoelhou em frente à Robin.

Maria: Eu lhe disse isso antes... Eu me juntei ao clube porque é a única coisa que mantém a memória de meu pai viva... E eu não vou deixar nem você, e nem ninguém tirar isso de mim! Jamais!
Robin: ...
Maria: Não se preocupe, essa dor logo vai acabar... Ao contrário da dor que eu venho enfrentando nos últimos anos.

Maria se levantou. Em seguida, virou-se de costas para Robin e saiu correndo. Aos poucos, Robin fechava os olhos. A cigarra continuava cantando.

Robin: "...Tsc... Eu falhei... Eu não devia ter confiado tanto assim nelas... Era óbvio que isso ia acontecer... Desde o começo eu sabia que elas escondiam alguma coisa, e demorei muito para tomar alguma atitude..."

A visão de Robin começava a se embaçar. Ele sabia que o fim estava chegando.

E no final, ele havia falhado em sua missão. O assassino de Elizabeth não havia sido encontrado. Mas o pior de tudo era se lembrar de todos aqueles momentos alegres que ele passou ao lado de Alice, Jessica e Maria.

Todas aquelas horas alegres se foram. A verdade era que, enquanto ele se divertia com elas, estava deixando sua guarda baixa. Como detetive, ele devia saber que nunca se deve confiar tanto assim em alguém que ele havia acabado de conhecer.

Mas... Já era tarde demais pra isso.

Robin: "Hehe... Hehehe.... Hehehehehe... Isso é quase uma comédia... Se eu pudesse voltar no tempo, teria matado as três sem hesitar..."

Naquele instante, uma luz surgiu na frente de Robin. Lentamente, ele abriu os olhos para ver.

Robin: "O que é isso...? Eu vejo... Uma luz se aproximando..."

A luz seguiu-se do som de uma buzina. Ao levantar a cabeça, a última coisa que Robin viu foi um caminhão se aproximando em alta velocidade.

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