Lamento das Cigarras - Cap.13 [Última Semana]

18:30


Capítulo 13 - Descuido


O telefone tocava. Robin abriu os olhos, e em seguida checou o rádio-relógio ao lado de sua cama, que dizia 6:20 da manhã.

Robin: Ah... Me dá um tempo...

Ainda sonolento, Robin se levantou e caminhou até a sala, pegando o telefone e sentando-se no sofá.

Robin: Alô?
Samuel: Alô, Robin! Está sozinho?

Robin estranhou a pergunta.

Robin: Claro que sim.
Samuel: Bem... Ontem à noite eu notei que você realmente ficou bem amigo daquelas garotas...
Robin: O que está insinuando?
Samuel: Nada... Enfim, eu trago uma notícia muito importante. Descobrimos algo sobre a droga que foi injetada em Elizabeth.

Robin se animou tanto que até esqueceu do sono.

Robin: Sério?!
Samuel: Sim... Pelo que foi descoberto, trata-se de uma substância alucinógena que ainda é pouco conhecida no Brasil, chamada mX.

Robin nunca tinha ouvido falar.

Robin: mX...?
Samuel: Sim! E obviamente estamos lidando com um contrabando. E descobrimos também o que ela causa no organismo humano.
Robin: Vá em frente.
Samuel: O efeito dessa droga depende da dosagem. Aqueles que são viciados aplicam uma pequena quantia em seu organismo para dar uma falsa sensação de prazer. Mas em dosagens mais altas pode causar pânico, perda de memória, e em alguns casos confusão cerebral.

Robin estranhou o último trecho.

Robin: Espere... Confusão cerebral?

Samuel pensou um pouco.

Samuel: Como posso explicar... Se seu organismo absorver uma quantia mais alta dessa droga, você começa a perder noção da realidade. As coisas ao seu redor se tornam confusas, e em alguns casos a sua memória também é afetada.
Robin: A memória?
Samuel: Sim... Basicamente você começa a se lembrar de coisas que não aconteceram de verdade. O efeito da droga atinge o cérebro, fazendo com que suas lembranças se tornem completamente confusas.

Robin raciocinou por alguns segundos.

Robin: ...Entendi. Bem, já que você me acordou, acho que posso começar mais cedo hoje. Se descobrir algo eu te aviso.
Samuel: Perfeito, o mesmo digo eu.

Robin desligou.

Robin: Certo... O que eu planejava pra hoje mesmo...?

Após se lembrar do dia anterior, a imagem do bloco de notas de Elizabeth veio em sua mente.

Robin: É mesmo... Eu ia conversar com o Professor Marcos... Bem, já que acordei mais cedo, e as aulas começam às 7 horas, talvez eu o encontre em sua casa se me apressar. O máximo que pode acontecer é eu perder meu tempo, afinal...

Dito isso, Robin se arrumou rapidamente e saiu de casa.



Cerca de 15 minutos se passaram quando o carro de Robin parou na frente da casa do professor Marcos. Robin desceu e tocou a campainha. O professor o atendeu.

Marcos: ...Senhor Robin?
Robin: Marcos... Desculpe te incomodar tão cedo... Mas eu tenho algo grave para te contar.

Marcos se espantou.

Marcos: Por favor, entre!

Marcos guiou Robin para a sala. Algum tempo depois, trouxe duas xícaras de café, dando uma para Robin e ficando com a outra.

Robin: Eu preciso te contar sobre algo que encontrei na casa de Elizabeth... Um bloco de notas.
Marcos: Bloco de notas... Não posso dizer que me lembro disso.

Robin tomou um pouco do café.

Robin: Aparentemente, Elizabeth estava desconfiada de que alguém na escola estava escondendo algo em sua sala.

Marcos estranhou.

Marcos: Escondendo algo... Tipo o quê?
Robin: Eu não posso dizer... Ela apenas mencionou "algo que não tem relação com a escola". E isso aconteceu uma semana antes de sua morte. Portanto, acho que posso dizer que todos na escola são suspeitos no momento...

O professor se assustou.

Marcos: Ro... Robin... Eu sei que você tem motivos para desconfiar de todo mundo, mas...

Antes que Marcos terminasse, Robin interrompeu.

Robin: Eu não estou culpando ninguém, Marcos. Pelo contrário, se você realmente não tem nada a ver com isso, pode me ajudar com as informações que conseguir. Mas como a investigação chegou na escola, qualquer movimento pode ser considerado suspeito pela polícia. Acho que você sabe disso, não é?

Marcos terminou de tomar seu café e olhou fixamente para Robin.

Marcos: Eu entendo... Mas saiba, Robin, que eu faria qualquer coisa para proteger o meu filho. Eu não seria capaz de matar Elizabeth.

Robin acenou com a cabeça.

Robin: Eu sei, não estou te acusando. Estou apenas te deixando em dia com a situação.

Marcos entendeu. Em seguida, Robin se levantou.

Robin: Você tem que trabalhar, não é? Eu vou encerrar por aqui.
Marcos: Robin...
Robin: ...Hum? O que é?

Marcos olhou de forma estranha para Robin.

Marcos: ...Obrigado.

Robin estranhou a fala de Marcos.

Robin: ...Pelo quê?
Marcos: Por confiar em mim.

Robin não entendia exatamente o que ele queria dizer, mas retribuiu com um aceno com a cabeça. Em seguida, Marcos o guiou para fora.



Robin chegou em casa. Assim que fechou a porta, jogou as chaves do carro em cima da mesa.

Robin: Isso é muito estranho... Eu tenho motivo para desconfiar de qualquer um na escola, mas o professor Marcos... Ele não parece ser do tipo que...

Naquele instante, Robin parou. Ele sentiu algo muito estranho.

Robin: Urgh... O... O que está... Acontecendo...?

Sua visão começou a falhar. Não apenas isso, mas o mundo todo ao seu redor começou a girar em espiral. Era como se tudo estivesse se desfazendo em sua frente.

Robin: Não... Não pode ser...

Naquele instante, Robin só conseguia se lembrar de uma coisa:

O café. O café que Marcos havia lhe servido. Será possível que ele havia sido... Drogado?

Robin: Não... Eu não acredito... Ele não faria... Ou... Faria...?

Até que finalmente, os sentidos de Robin se apagaram. Ele desmaiou de frente para o chão, no meio da sala.

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