Capítulo 16 - Nenhum Mistério é Eterno
Robin, Alice, Jessica e Maria estavam de frente para Bernardo, que começou a rir.
Bernardo: Hehe... Desculpe, detetive, mas... Você não deve estar raciocinando direito.
Robin: Pelo contrário, diretor... Eu estou totalmente convencido do que estou dizendo. E posso provar.
Bernardo parou de rir e tomou uma expressão séria.
Robin: Meninas... Vamos encerrar esse caso de vez. É hora de trazer justiça e descanso para Elizabeth.
Robin cruzou os braços. As garotas apenas aguardavam o que ele tinha a dizer.
Bernardo: Certo, Robin... Você diz que eu matei Elizabeth, certo?
Robin: Sim, essa é a acusação que estou fazendo agora.
Bernardo encarou Robin.
Bernardo: Mas acho que você está se esquecendo de um detalhe: Eu não tinha contato com Elizabeth! Ela falava apenas com o professor e suas amigas!
Robin: Errado!!
As garotas se espantaram, assim como o diretor.
Bernardo: Como assim? Ela nunca falava comigo, acho que já deixei isso claro!
Robin: Só que tem um detalhe nessa história, diretor... Ela estava te perseguindo!
Bernardo quase se engasgou.
Bernardo: Me... Perseguindo... Você não tem provas!
Robin: Sim, eu tenho!
Robin pegou o bloco de notas de Elizabeth que estava em seu bolso.
Robin: Esse bloco de notas deixa claro que em seus últimos dia de vida, Elizabeth estava perseguindo "alguém" na escola. Observando pelos corredores, e tomando cuidado para não ser vista.
Bernardo riu.
Bernardo: Pode ser qualquer pessoa, detetive... O que te faz pensar que sou logo eu? Poderia ser um aluno qualquer...
Robin: Nada disso... Eu tenho provas de que pode muito bem ser você!
O clima começou a ficar cada vez mais tenso.
Bernardo: ...Detetive... É melhor parar com essa brincadeira... Eu vou chamar a polícia!
Robin: Tente. Você não vai escapar ileso.
Bernardo começou a ficar visualmente nervoso.
Bernardo: Tudo bem... Vamos assumir que eu matei Elizabeth... Se está tão convencido, deve saber como eu fiz isso, não é?
Robin esfregou o rosto.
Robin: Na verdade, eu acho que sei...
Alice, Jessica, Maria e o diretor se espantaram.
Alice: Você... Sabe...?
Robin olhou para as garotas.
Robin: Alice... Jessica... Maria... Vocês me disseram alguns dias atrás que na noite em que Elizabeth morreu, ela estava indo para um encontro no clube, não é?
Alice: Sim...
Robin: Mas ela nunca chegou lá...
Jessica: É... Nós ficamos esperando, mas ela não apareceu.
Maria: Nós ficamos preocupadas, mas não sabíamos que algo tão grave ia acontecer...
Robin baixou a cabeça e colocou a mão em sua testa.
Robin: Vamos tentar esclarecer o que aconteceu naquela noite... Eis o que eu penso...
Elizabeth saiu de casa para se encontrar com as garotas.
Mas no meio do caminho, ela foi interditada... Provavelmente por alguém que estava de carro.
Essa pessoa disse algo à ela, convencendo-a a pegar carona.
Só que ela se deixou enganar... O culpado à levou para um local isolado, provavelmente a floresta próxima ao túnel.
Na tentativa de confundir a garota para que ela se esquecesse de algo, ele a forçou a tomar uma dose de alucinógeno.
Mas ele cometeu um erro, e exagerou na dose... Isso fez com que ela ficasse em pânico e fugisse para o túnel.
Foi lá que ela morreu. O assassino, sem saber o que fazer a deixou lá mesmo e fugiu.
Bernardo riu.
Bernardo: Isso é impossível... Essa história está muito mal contada! Ela não poderia morrer por causa de um alucinógeno!
Robin: Poderia sim!!
Novamente, todos se espantaram.
Robin: A autópsia revelou algo que poucos sabiam sobre Elizabeth... Ela tinha um leve problema cardíaco. Seu coração não era tão forte quanto o de um humano normal. Como o alucinógeno à fez ter visões terríveis, ela sofreu um ataque e acabou falecendo. Isso explica porque não haviam marcas em seu corpo!!
A dedução de Robin foi tão precisa, que todos ficaram boquiabertos.
Bernardo: Ainda assim... Isso não faz sentido... Afinal você mesmo disse que o professor Marcos te drogou! Por que está culpando a mim no lugar dele?!
Robin riu.
Robin: Simples... Você está usando o Professor Marcos!
Bernardo: O... O quê?!
Robin cruzou os braços.
Robin: O professor Marcos tem um filho que depende de cuidados especiais... Pra ele nada é mais importante que sua saúde. E, se ele perder esse trabalho como professor, não terá mais dinheiro para cuidar dele. Portanto... É seguro dizer que você fez chantagem para que ele me drogasse para atrapalhar minhas investigações. Caso não funcionasse, ele levaria toda a culpa no seu lugar!
Bernardo engoliu em seco. Ele estava quase em seu limite.
Bernardo: Absurdo... Absurdo, absurdo, absurdo, absurdo...
Naquele instante, Alice baixou a cabeça.
Alice: Não... Não é absurdo...
Jessica: Isso faz sentido.
Maria: Eu não entendo como alguém pode ser tão cruel...
Bernardo colocou as mãos na cabeça. Seus olhos estavam arregalados.
Bernardo: Absurdo... Absurdo... Absurdo... Eu não posso acreditar nisso...
Robin colocou as mãos em seus bolsos.
Robin: Agora, diretor... É hora da prova final de que você matou Elizabeth.
Bernardo olhou para Robin.
Bernardo: Tente... Tente então... Qual é a prova definitiva que eu matei Elizabeth?!!
Robin suspirou fundo.
Robin: Diretor Bernardo... Eu posso olhar o seu armário?
Bernardo: ...!!!
Xeque-Mate! O diretor entrou em estado de choque. Ele não sabia mais o que falar. Sua voz não saía. Alice, Jessica e Maria se entreolharam.
Robin: Elizabeth disse que "alguém" escondia algo de ilegal no armário. E se você for mesmo o culpado... Bem, acho que já sei o que encontrarei lá.
Naquele instante, Bernardo caiu de joelhos no chão. Seus olhos estavam lacrimejando.
Robin: Diretor... Você matou Elizabeth, não é?
Bernardo olhava para o chão.
Bernardo: ...Eu não sabia que ela ia morrer...
Robin: ...
Bernardo: Eu achei que uma dose de mX ia apenas confundir sua mente, de forma que ela se esquecesse do que me viu fazendo... Mas... Ela entrou em pânico, começou a gritar, como se estivesse vendo um monstro... Eu tentei acalmá-la, mas... Não deu certo, e quando eu me dei por mim ela estava morta...
Alice, Jessica e Maria se entreolharam, com um olhar de tristeza.
Alice: Então foi isso que aconteceu... Elizabeth...
Jessica: Eu espero que agora ela possa descansar em paz...
Maria: E todos nós também... Afinal, ninguém ia descansar enquanto ela não tivesse paz...
Robin respirou fundo.
Robin: Você está contrabandeando a droga, não é? Onde ela está?
Bernardo: No armário do Diretor... Meu armário... Eu a escondo de forma que pareça uma caixa com arquivos velhos... Mas eu não consegui enganar Elizabeth, ela sabia que tinha algo errado. Ela era muito inteligente...
Robin esfregou o rosto.
Robin: Alice, ligue para a polícia.
Alice se assustou.
Alice: Ce... Certo!
Alice correu para fora da sala.
Robin: Diretor Bernardo... Você irá responder pela morte de Elizabeth Fernandes e por tráfico de drogas... Você vai pra prisão.
Bernardo: ...Eu sei...
Não havia mais nada a ser feito. Robin aguardou na sala até que a polícia chegasse.
No fim das contas, Bernardo saiu algemado da escola. Era uma cena triste por vários motivos... Um diretor, que deveria estar acima de tudo cuidando de um local onde as crianças teriam futuro, estava envolvido em algo que poderia destruir inúmeras famílias.
E o que ele fez com Elizabeth era algo que dificilmente alguém seria capaz de perdoar.
Samuel e Leon, que estavam juntos com os policiais se aproximaram de Robin e as garotas.
Samuel: Robin!
Leon: Então... Acabou?
Robin não falou nada, apenas acenou com a cabeça. Samuel notou as garotas junto com Robin.
Samuel: Vocês... Estão bem?
Alice enxugou uma lágrima que havia se formado em seu rosto.
Alice: Vamos ficar...
Samuel: Eu sei que vão... Vocês são fortes.
Leon se ajoelhou em frente às garotas.
Leon: Eu não sei nem o que dizer... Vocês três ficaram juntas do Robin todo esse tempo, e... Bem, ele pode lhes agradecer melhor do que eu.
Leon se levantou. Jessica negou com a cabeça.
Jessica: Ele não precisa nos agradecer... Nós é que devemos muito à ele.
Robin se virou para elas.
Robin: Errado... Eu não sei o que faria sem vocês.
Maria deu um leve sorriso.
Robin: ...Hum?
Maria: Nós vamos ficar nesse ping-pong pra sempre... Acho que na verdade nós formamos um grande time!
Todos concordaram.
Robin: É... Isso é verdade... Ninguém precisa agradecer à ninguém... Isso foi um trabalho de equipe, e cada um teve seu papel importante... E eu tenho certeza que, onde estiver, Elizabeth está orgulhosa de vocês.
Alice sorriu.
Samuel: Robin... Garotas... Parabéns pelo trabalho. Eu vou comunicar a família de Elizabeth que a justiça foi feita.
Robin estendeu sua mão para cumprimentar Samuel, que retribuiu o gesto.
Robin: Eu não fiz mais do que minha obrigação como detetive, Samuel... Mas aprendi muita coisa durante esse caso. Coisas que eu vou levar para o resto da minha vida.
Na biblioteca, Alice estava em pé atrás do balcão. Robin, Jessica e Maria estavam sentados nas cadeiras, de frente para ela.
Alice: Muito bem, agora que todos estão presentes... Posso começar?
Todos acenaram com a cabeça.
Alice: Detetives... A perda de Elizabeth é algo que não será esquecido com o tempo... No entanto, temos que ser fortes e seguir em frente com nossas vidas! Eu, Alice Lombardi, estou nesse momento iniciando minha carreira como nova líder do nosso clube! Eu sei que não vou conseguir substituí-la, mas farei tudo que for possível para que esse clube continue ativo! E sei que posso contar com a ajuda de vocês. Somos um grupo forte, que não será destruído tão fácil!
Quando Alice terminou de falar, todos aplaudiram.
Já estava escurecendo quando a reunião acabou. Robin voltava para casa a pé pela calçada, com as mãos nos bolsos.
Alice: Robin!!
Robin se virou. Alice vinha correndo em sua direção.
Robin: Alice...?
Alice: Robin, eu... Eu queria te falar algo...
Robin ouvia atentamente.
Alice: Nós... Tivemos uma grande aventura juntos, não é?
Robin: Sim, com certeza...
Alice: Será que... Será que um dia nós poderemos resolver mistérios juntos novamente?
Robin sorriu. Em seguida, colocou sua mão no ombro de Alice.
Robin: Alice... Você me promete uma coisa?
Alice olhou fixamente para Robin.
Alice: ...Sim! Prometo!
Robin: É o seguinte... Eu quero que você continue o clube junto com Jessica e Maria. Continue estudando, nunca falte à escola, eu sei que você é muito inteligente. E quando terminar seus estudos... Me procure. Eu vou estar te esperando.
Os olhos de Alice brilharam após as palavras de Robin, com um sorriso, ela acenou positivamente.
É impossível prever o futuro. Ninguém sabe o que vai acontecer no dia seguinte. Mas Robin sabia que o desejo de Alice, e do grupo de detetives era solucionar mistérios e ajudar as pessoas. E todos aprenderam muito quando permitiram que a alma de Elizabeth finalmente descansasse em paz após tanto sofrimento.
Robin: Eu não sei o que vai ser de mim, ou de você amanhã... Mas uma coisa é certa: Se você e as garotas tiverem força de vontade, poderão alcançar qualquer coisa.
O caminho que nós seguimos é muito longo, e na maioria das vezes imprevisível. Mas se acreditarmos em nós mesmos, tudo é possível.
Mesmo se as cigarras preverem uma tragédia... Tudo acabará bem se tivermos alguém ao nosso lado.
[O Lamento das Cigarras]
Escrito por: Alexandre
Trilha Sonora: 7th Expansion, Toby Fox, SquareSoft, MandoPony
Agradecimentos: Todos que leram, comentaram e recomendaram a Série. Sem vocês, isso não teria sido possível.
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